Hoje fui pela primeira vez a uma aula de Yoga...
Eu sempre quisera experimentar, - a minha querida psicóloga já me tinha receitado outrora esta modalidade para aprender a respirar, relaxar e controlar melhor a minha ansiedade... - mas não sei porque... tinha um certo receio ou até um preconceito de que alguns lugares não eram aconselháveis... também não sei bem de onde vieram essas ideias, mas facto é que elas existiam e me afastavam do Yoga sempre que pensava nisso. Enfim...
Hoje, enchi-me de coragem, e lá fui eu, sem saber muito bem ao que ia... Levava sapatilhas (quando a pratica faz-se descalço/a ou de meias), levava o cabelo solto (e lá fiquei a saber que é bem melhor se ele estiver preso)... mas o mais caricato foi quando eu, toda nervosa, peguei nos meus comprimidos de S.O.S. para tomar... já estava a catastrofizar e a imaginar uma meditação daquelas que eu tenho medo, que não queria fechar os olhos... enfim... coisas mesmo de fóbicas... foi um número...he he...Não tomei... tentei ver no que dava...
A aula iniciou com a realização de posições corporais bem diferentes onde a flexibilidade, o equilíbrio e a concentração se unem para trabalharmos os músculos? Sim... pelo menos saí de lá toda dorida no sentido positivo da coisa...
Na continuação, veio o exercício que eu temia... viagens de relaxamento... Rghhh... Porque é que eu não posso curtir essas sensações e emoções como as outras pessoas??? Sniff... Ponto Positivo: lá consegui ir relaxando de vez em quando, deixando-me ir em algumas sensações, sem ficar ansiosa por estar naquela posição tempos sem fim e por não me poder mexer... Claro que não fechei os olhos... ;-)
Para terminar, mais um exercício de grande concentração e limpeza mental - a fixação de um ponto...
Gostei muito! Foi uma óptima experiência e também a superação de um receio sem fundamento.
Obrigada á professora C. pela sua doçura.
E um obrigada do fundo do coraçao ao F. e á sua X. por me permitirem esta vitória!
:-)
1 comentário:
Deixa-me que te conte um episódio recente. No sábado passado, um canal Z foi filmar a nossa escola de Yoga. Nós fomos convidados de véspera para estar presentes, mais os nossos filhos, porque precisavam de praticantes para simular aulas de adultos e crianças. Não pensei duas vezes. Primeiro nunca aparecemos na televisão e, ao que parecia, tinham chegado os nossos quinze minutos de fama. Segundo e real motivo para termos ido, é que mesmo com um sentido critico a roçar o genial, eu acredito que o Yoga é um dos muitos caminhos para libertar-nos do estupor e do esquecimento.
E porquê? Porque como todos os grandes mestres revolucionários, incluindo Jesus, o criador do Yoga não debita informação, nem doutrinas, nem filosofia. Qualquer um (como quem diz) pode estudar filosofia, compreender os grandes filósofos, dominar as ideias e sua linguagem, mas nem uma única célula mudará dentro de si. O Yoga é prática, é técnica, e se palavras existem, apenas dizem - conhece-te a ti próprio. Tudo o que aprendes está ao serviço de chegares mais próximo de ti. Da tua real natureza. Por isso o verdadeiro Yoga não pode ser explicado. Ele explica-se a si próprio na acção. Adiante..
A filmagem foi fixe. O programa onde iria ser vista a reportagem é de autor, e é o autor que filma e entrevista. Ele apareceu tarde e a más horas, mas como era um jovem todo simpático, rapidamente esquecemos o atraso e acabamos por nos divertir. No final, quando acabou a entrevista, o jornalista sentou-se connosco e disse que tinha gostado muito de estar ali.
- Podias vir praticar connosco...
Meu dito, seu feito; começaram as desculpas a brotar da ponta da língua.
- Eu já experimentei... até estava muito entusiasmado para tornar-me professor, mas acabei por cair no desencanto e afastei-me. Um dia quem sabe, quando tiver mais tempo..
A conversa ficou por ali. Mais tarde, quando nos despedíamos, entre a troca de galhardetes de uma profissão comum, voltamos ao assunto do Yoga. O rapaz acabou por dizer que lhe fazia espécie tudo o que começasse a ter aspecto de rebanho e por isso tinha fugido a sete pés.
- Ok, compreendo perfeitamente - e voltamos para casa, para almoçar um delicioso polvo vegetariano que a minha sogra por engano, colocara na travessa.
Hoje já é segunda-feira e no meu caminho matinal para o local de trabalho, dediquei-me a observar o ambiente urbano. Nem precisava por já o saber de cor, mas devido ao tal rebanho, a minha atenção estava particularmente sensível aos mecanismos vivos da grande cidade, das rotinas que se criaram e repetem sanguíneas. O abraço aos filhos à porta do infantário ou da escola primária, o café da manhã, o cigarro em frente ao escritório, os temas típicos do início da semana, dominados pelo futebol, mais aquela noite incrível passada no sítio do costume. A corrida desenfreada para o prato do dia. A tarde a olhar para o relógio, a contar os minutos de ir para um ginásio, uns atrás dos outros, sentados em máquinas, a correr em máquinas, de auscultadores nos ouvidos, a olhar para um plasma que nos mantém entretidos.
Como diria o outro da guerra, três pessoas a fazer yoga numa estação do metro parecem uns tolinhos, cem numa escola de yoga são um rebanho cego, o que todos os outros fazem, tem o mérito poético de ser uma sociedade.
Não confundam as minhas palavras. No meio de toda esta rotina diária, semanal, anual, existem mil e uma histórias particulares, lindas, românticas, loucuras sadias, patológicas e muita subversão. Tudo dentro do intervalo previsto por quem mexe nos cordelinhos da novela.
Isto para falar do século da evolução desenfreada, sempre ao serviço do prático, material e denso, negando sempre que possível, por vergonha ou incapacidade, por falta de lembrança, qualquer possibilidade que ultrapasse a treta que nos foi imposta. Nós somos apenas isto.
Não compro. Descobri que não sou.
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