Estes modelos internos dinâmicos vão, por sua vez, ter um papel fundamental na compreensão do mundo pela criança, no planeamento da acção no contexto de relações com os outros e na auto-imagem (Thompson, 1999). De forma essencialmente inconsciente, vão ser filtros interpretativos através dos quais as relações, outras experiências sociais e autocompreensão vão ser interpretados e portanto, construídos. Ao mesmo tempo, vão também, orientar comportamentos que vão ajudar a confirmar e assim a perpetuar esses modelos da realidade. Vão condicionar a acção da pessoa no sentido de elicitar respostas complementares às do seu modelo interno e que vão ser consistentes com as suas expectativas, reforçando-as (Thompson, 1999).
Assim, um modelo interno dinâmico seguro é caracterizado por uma expectativa positiva em relação à competência pessoal em lidar com os problemas e desafios da vida (self seguro e autónomo) e a uma visão de mundo razoavelmente benigno. As pessoas detentoras deste modelo procuram relações nas quais esperam obter satisfação pessoal, têm tendência a pedir apoio de uma forma aberta e positiva em momentos nos quais não têm recursos para lhes fazer frente de forma autónoma e são capazes de retribuir esse apoio (Bretherton, 2005; Thompson, 1999).
As pessoas que desenvolveram um modelo interno dinâmico inseguro pensam o mundo como um lugar pouco previsível e confiável, no qual para se sobreviver ou se afastam das contrariedades ou lutam contra elas. Têm expectativas negativas relativamente às relações com outras pessoas, nomeadamente de desconfiança, incerteza e por vezes hostilidade, expectativas essas que os fazem antecipar fraca responsividade às suas necessidades, criando uma exigência desmesurada de resposta do outro ou, pelo contrário, rejeição do apoio que lhes é fornecido (Bretherton, 2005; Thompson, 1999)."
Retirado de Martins & Soares, 2006 (Tese de doutoramento da orientadora da minha tese de mestrado).
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