quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Homem... quer dizer... Máquina




Para os que pensam que já saimos daquele Taylorismo em que o Homem era visto como peça de uma máquina, desenganem-se... Esta ideia ainda existe e fincada na cabeça de alguns patrões...

Só me apetece chorar, fugir daqui, e levar toda esta boa gente comigo...

Não há respeito pela vida, pelo tempo do outro, pela saúde mental e física de todos... O que interessa é facturar... nem se sabe muito bem como...
A boa equipa ajuda-se, as soluções surgem, mas é somar horas atrás de horas de trabalho (IMPORTANTE: NÃO REMUNERADAS!)... Trabalha-se pelo colega, mas é o patrão que factura... e que não se incomoda com ninguém...
Revolta-me a falta de humanidade a que eu assisto sem nada poder fazer... Tenho que compactuar com toda esta exploração humana para fazer o meu trabalho bem feito... É um paradoxo que me violenta e que é de uma agressividade extrema para os humanos/máquinas que aqui trabalham...

E uma pessoa não pode sequer ficar doente, ter como prioridade a família, ter tempo para descansar como normalmente toda gente deve ou deveria ter... a mentalidade é: troca a bateria e já está! Por isso é que em vez de pessoas, que por acaso até têm a pretensão de viver, de ter uma família e que, por acaso só trabalham, não apenas para passar o tempo, mas também para ter como viver, se alimentar, vestir, educar.. seria bem melhor termos ROBOTS...
...

1 comentário:

Miss Worm disse...

Como concordo contigo! Vivo a mesma realidade que tu. E essa realidade é ainda mais crua quando me vejo sozinha aqui a querer segurar um barco onde parece que todos vão a remar e o dono do barco a apanhar sol e a beber martinis.
A verdade é mesmo que aqui trabalhamos por dinheiro e uns pelos outros.
Facturar é palavra de ordem, mas acho que até isso já está descontrolado quando se valoriza um serviço e no fim se percebe que para o fazer os custos foram maiores que os orçamentados.
Enfim, se por vezes me sinto dona da situação e me sinto a segurar as redeas desta aventura sobrenatural, outras vezes sinto-me a formiga que tenta trabalhar para ter que comer e pode ser pisada a qualquer momento pelo gigante.
A familia.... ai a familia. Por muito que nos esforcemos em coloca-la em primeiro lugar... o podium nunca é justo como queremos.
Mas como diz um colega nosso de trabalho, temos que pensar que se passamos tanto tempo aqui para ganhar dinheiro ( muito ou pouco) e se esse dinheiro é o que alimenta os nossos, então estamos sempre a por a familia em primeiro lugar.
Que a vida não é justa já toda a gente sabe. Mas quem trabalha aqui fica a conhecer a injustiça mais de perto.
Não pensem que a marginalidade, a indiferença, a superioridade, a exploração, as condições degradantes estão só nos carenciados, nos bairros e nos necessitados. Cada vez que nós somos privados da nossa vida pessoal em prol de uma entidade, mal gerida, cada vez que somos ofuscados por interesses maiores que os humanos, desde esse primeiro segundo somos todos nós um grupo de risco, um grupo a intervir, somos todos nos necessitados de - LIBERDADE.
Não há maior pobreza que a pobreza de espirito... aqui ficamos um pouquinho mais pobres todos os dias enquanto tentamos enriquecer e encher os nossos bolsos rotos.
Fechar os olhos não é solução e baixar os braços também não, adoptemos a postura do "deixa andar", leva sempre a algum lado. Bom ou mau!
E depois deste desabafo.... quero que saibas que tudo melhora para mim quando cá estás. "Nenhuma dor é maior quando está a ser partilhada".
Obrigado por tudo.